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Extra (poema de Gregorio de Matos)

     A Jesus Cristo nosso senhor

             (Gregório de Matos)

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Antes, quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

 

Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

 

Se uma ovelha perdida já cobrada,

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na Sacra História,

 

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

 

O poema acima também é uma oração.

Primeira estrofe:

-No primeiro verso: “Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado” a parte em negrito é um vocativo o que nos confirma que ele está falando diretamente com Jesus.

-No segundo verso: “Da vossa alta clemência me despido” a parte em negrito quer dizer capacidade de perdoar.  

-No terceiro e quarto verso: “Porque, quanto mais tenho delinquido” “Vos tenho a perdoar mais empenhado” percebemos um ciclo em que quanto mais ele fracassa/erra, o senhor o perdoa.

 

Segunda estrofe:

-Primeiro e segundo verso: “Se basta a vos irar tanto pecado” e “A abrandar-vos sobeja um só gemido” mostram novamente o ciclo do pecado X perdão/ razão X fé. A palavra destacada está se referindo ao pedido de perdão.

- Terceiro e quarto verso: “Que a mesma culpa que vos há ofendido” e “Vos tem para o perdão lisonjeado” utilizam uma estética barroca em que são usados artifícios de linguagem revela engenho (inteligência)-> conceptismo, que é um jogo de palavras visto nas palavras “ofendido” para culpa e lisonjeado para “perdão”.  

 

Terceira estrofe:

-Primeiro verso: “Se uma ovelha perdida e já cobrada” faz referência a uma parábola e na parte do “já cobrada” ele quer dizer já resgatada, ou seja, já perdoada.

-Segundo e terceiro verso: “Glória tal e prazer tão repentino” e “Vos deu, como afirmais na sacra história” que dizer que ele perdoou como diz que perdoaria na Bíblia (parte em negrito).

 

Quarta estrofe:

- Toda a estrofe: “Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada”, “Cobrai-a; e não queirais, pastor divino” e “Perder na vossa ovelha a vossa glória” e fala que é um pecador e acaba o poema chantageando Jesus para lhe perdoar.

 

 

O poema tem uma religiosidade herdada da contrarreforma, em que vemos uma grande oposição entre a fé e a razão.

·   “Deus existe?”

·   Culpa religiosa ligada ao pedido de perdão.

·   O poema mostra um ciclo em que: Pecado->Pecador->Homem e Perdão->Perdoador        ->Divino.

·   E outro ciclo do pecado X perdão.

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